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Economista, Administrador, Analista de Sistemas e Pensador (forcei). Meu suporte está em Deus que me elegeu na eternidade como Seu filho sem nenhum mérito para mim, na minha esposa Verônica e meus filhos, os manos Accete, Raphael, Philipi e Victor. Amo a Deus sobre tudo. Mas não posso esquecer que sou Flamengo e tenho duas negas chamadas Penelope e Joaquina, a galega doida Lara Croft e a mulambo de estopa, Cocada.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Como decifrar o gênio e ou colocá-lo de volta na garrafa?



Sobre as manifestações que tem acontecido, e tanto tem sido escrito nas redes sociais, gostaria de tecer alguns comentários mais detalhados sobre o que penso a respeito.

Sou a favor de toda e qualquer manifestação pacífica reivindicando o que quer que seja, justo ou não, concordando ou não. Não me interessa o que se pede, acho que numa democracia todos tem o direito de pedir o que entenderem ser necessário.

Desde já reafirmo o apoio a protestos pacíficos. Nós não vivemos mais numa ditadura em que a repressão e as manifestações mais violentas eram o único caminho. Se os 200 milhões de brasileiros quiserem fazer uma corrente de mãos dadas e cantar o hino nacional, estou dentro, mas quebrar qualquer coisa que seja, queimar nossa bandeira, ou impedir o direito de ir e vir das pessoas estou fora, e sempre estarei, numa democracia. Minha juventude engajada é da época que governador e prefeitos de capital eram escolhidos e não eleitos.

Posto que sou contra qualquer violência, acho no entanto que é ingênuo acreditar que numa passeata de dezenas de milhares de pessoas não ocorram exageros, como também acho ingênuo ou mesmo cínico achar que um policial numa relação de 1 policial para 100 manifestantes vá pedir por favor para o sujeito parar de jogar pedras.

Nunca fui militante de nada, mesmo porque costumo pensar fora do senso comum, e mais, detesto ser patrulhado em qualquer nível, política, religião, o que for. Mas tive meus momentos, fechar o trânsito na BR 104 em Maceió, enfrentar sozinho um PM que estava abusando de sua autoridade, recusar ser revistado por uma blitz sem que fosse apresentado qualquer razão para isso. Ter repreendido a polícia que gritava com meu filho de 10 anos, e outras. Já vaiei governador, prefeito, reitor. Já discuti e deixei em resposta diretor de colégio. E farei tudo de novo se entender que seja necessário.

Sobre o atual movimento vejo algumas questões que não são de fácil resposta, mesmo que os sociólogos, antropólogos, psicólogos e outrosqualquerólogos que existam estejam cheios de suas certezas respondendo a tudo.

Um movimento que começou de forma absolutamente limitada do ponto de vista numérico e debaixo de um teor claramente político ideológico partidário, está tomando uma dimensão que ninguém, nem governo, nem oposição imaginavam a princípio. Uma das tolices que tenho visto e ouvido é a associação entre a estrondosa vaia a Dilma na abertura da copa das confederações como ponta de lança do movimento. Não foi. Também a questão dos R$ 0,20 do ônibus não é a razão de tanto barulho.

Qual a razão? Também não sei. Mas fica claro que há uma insatisfação generalizada contra TUDO QUE ESTÁ AÍ. E é exatamente aí que não vejo ainda no que esse burburinho todo vai dar. Querer comparar esses protestos a Primavera Árabe, até me assustaria se isso não fosse uma falácia despropositada. Primeiro que a Primavera Árabe tem se mostrado uma tosca metonímia onde se troca seis por meia dúzia, ou até menos. Segundo porque não vivemos nada parecido em termos de repressão como se vive lá.

O que estamos vendo é uma verbalização de descontentamento que tem unido no mesmo protesto, os "esquerdistas progressistas" e os "direitistas conservadores". Ambos os lados já começaram a reivindicar sua proeminência nas manifestações. Um amigo comentou o fato, no qual concordo quase que totalmente, que o Brasil de fato tem sido governado pelo centro, independente de quem seja o Presidente. Só discordo dele, quando ele cita o centro como sendo algo de mau em si mesmo. Mas porque isso acontece? Porque meu caro amigo, eu e você podemos até votar ideologicamente a nível nacional, mas no local costumamos decidir fisiologicamente. Decidimos não por acreditar ou não em ideias e ideais e sim pelo benefício imediato, e pessoal, que podemos ter.

Não acredito que um movimento sem direcionamento como este, CONTRA TUDO E CONTRA TODOS tenha sucesso ou um futuro benéfico. Quem vai conseguir cooptar o maior número de protestantes não sei. Tenho amigos que já vislumbram um impeachment de Dilma, Não vejo por aí, e nem sou a favor disso, defendo a retirada dessa turma do poder, mas no voto. Outros amigos estão vislumbrando a derrocada final da classe média brasileira, seja lá o que for isso. Todos vislumbram a expulsão da corja de políticos corruptos. Mas esquecem estes que a corrupção não é privilégio e direito dos deputados, senadores, ministros e presidente.

Mantendo-nos no âmbito público, quantos órgãos vocês conhecem onde há desvio de dinheiro. Hospitais onde médicos recebem sem trabalhar? Escolas onde o custo da merenda daria para servir café, almoço e jantar de resort, e é servido cachorro quente com carne de segunda? Obras e mais obras que não acabam nunca?

No âmbito privado, quantos de nós jogam lixo na rua? Querem um emprego público só para receber sem trabalhar? Conseguimos uma vaga para um parente na base da amizade? Temos carteira de estudante sem o sê-lo? Colamos nas provas que fazemos? Furamos filas? Damos migué no trabalho? Acha que isso não é corrupção? É muito bonito falar dos outros, ou citar a Suíça como exemplo. Mas vá explicar a um suíço porque no Brasil tem que ter cobrador e catraca nos transporte público. (Nós sabemos que se não colocar ninguém paga por aqui).

Acho que este movimento é legítimo na sua maior parte, nem de longe discordo disso, só não acredito, pelo menos por enquanto, que isso vá ter qualquer repercussão na forma de agir dos governantes desse país, a não ser ações pontuais oportunistas e eleitoreiras como a tomada hoje por Eduardo Campos, governador de Pernambuco. Falta uma liderança e mesmo um foco mais claro do que se propõe.

Alguns estão muito emocionados ao ver o povo em cima do teto do congresso, mas não é a primeira vez que isso ocorre, e que me lembre apenas o movimento Diretas Já, conseguiu algo de fato. Pode-se até não gostar dos nomes, mas havia um direcionamento e uma liderança, Teotônio, Ulysses, Tancredo, mesmo Lula e FHC estavam juntos lá. Não esqueçamos de Fafá é claro.

Portanto, sei que algo está acontecendo, só não consigo ter a convicção que alguns já tem, de em que isso dará, nem tampouco acho que tenha surgido do nada. Vejo muito claramente que esse desejo de sair ocupando tudo vem sendo fomentado há alguns anos, só que, os que o fomentavam acreditavam que poderiam por o gênio de volta na garrafa quando quisessem, e mesmo guiá-lo de acordo com seus desejos e talvez estejam descobrindo tarde que, só pão e circo não sejam suficientes para fazer o gênio voltar para a lâmpada.








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