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Economista, Administrador, Analista de Sistemas e Pensador (forcei). Meu suporte está em Deus que me elegeu na eternidade como Seu filho sem nenhum mérito para mim, na minha esposa Verônica e meus filhos, os manos Accete, Raphael, Philipi e Victor. Amo a Deus sobre tudo. Mas não posso esquecer que sou Flamengo e tenho duas negas chamadas Penelope e Joaquina, a galega doida Lara Croft e a mulambo de estopa, Cocada.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Para qualquer problema, põe um quebra-molas


Tinha uma tia que já faleceu há alguns anos, e como a família de minha mãe era muito grande, foram 11 irmãos, essa minha tia tinha idade de ser minha avó. Era conhecida na família como Mãe Velha, mesmo por ter ajudado a criar alguns de seus irmãos sendo ela uma das mais velhas da turma, tia Maria Haydê. Lembro que ela nos colocava no colo e ficávamos sendo jogados para cima sempre com mesmo refrão, "menino novinho da mãe velha".

Reza uma das lendas familiares que Mãe Velha tinha um medicamento que era aplicado em quase todas as situações. Da mesma forma que o Bombrill tem 1001 utilidades o Vicky Vaporub servia para senão 1001, pelo menos mais de uma dezena de problemas.

Saudades da infância.

Mas indo de encontro ao título deste post, temos na alma brasileira de fato um conceito de que a solução dos problemas sempre é por um quebra-molas para resolver qualquer tipo de problema.

Primeiro tratando o próprio, se não conseguimos punir o sujeito que corre demais, pomos uma lombada, em geral construída de forma a punir igualmente quem passar a 30 km/h ou a 100 km/h naquele local, e na prática serve apenas aqueles 50 a 100 m antes e depois dele.

Existe um artigo de Bob Sharp onde ele diz que o quebra-mola “É um recurso burro e antinatural para reduzir a velocidade do tráfego”. 

Tem se tornado no Brasil recorrente a idéia de que o aumento de penas ou banimento de certas coisas é a solução para a situação. Lembro de ter há muito tempo atrás ouvido de um jurista famoso, cearense, falecido em 2010, Armando Ribeiro Falcão, que havia sido ministro da justiça no Governo Geisel que o que impele o potencial criminoso a não cometer o delito, não é o tamanho da pena e sim a certeza de punibilidade.

Hoje no Brasil virou moda aumentar a pena de tudo como se isso resolvesse por mágica o problema. A questão é que se cria distorções entre penas, onde matar uma pessoa é um crime que tem fiança e talvez xingar essa mesma pessoa não tenha. Dar um tiro pode ser mais negócio do que atropelar. E a piadinha já há muito conhecida que diz que é melhor matar o fiscal do Ibama do que a onça. Muito dessa onda tem a ver com uma coisa chamada ditadura da minoria, mas isso merece um post a parte.

Nos atendo a questão principal aqui, vemos cada vez mais essa idéia do tamanho da pena ser aplicada. Caso da questão de beber e dirigir. Olhe que não bebo, por opção mesmo, mas quem é mais perigoso um bêbado a 20 km/h ou um sóbrio a 100 km/h dentro da cidade? Certamente o segundo, mas esse dificilmente será pego, e se pego terá uma pena menor do que aquele outro. Não sei, mas vejo algo errado nessa medida de punição. E outro grande problema é que se pune pesadamente um entre milhares, óbvio que esse punido enquanto infrator não pode reclamar, mas o que ressalto aqui é que se não houver uma maior convicção de todos de que tem boas chances de serem pegos, nada mudará.

A questão do momento agora é a morte do joven torcedor do San José, de Oruro na Bolívia. Volta a questão da torcida organizada ser banida em todos os estádios, olhe que mais uma vez estou fora, não pertenço nem nunca pertenci a nenhuma torcida organizada, mas não enxergo que a solução seja essa. Fiscalizar, colocar câmeras e identificando os brigões, estes sendo proibidos de frequentar estádios já resolveria e não fazer aquela humilhante revista na entrada de estádios em todos os torcedores.

Aliás esse é um capítulo a parte, a polícia brasileira em geral age no esquema binário das forças armadas quando em guerra, usa a mesma farda que eu, é meu amigo, não usa a mesma farda é meu inimigo. A polícia brasileira não tem a menor noção que a sua função é proteger o cidadão de bem e não matar o bandido. Ela em geral age com o objetivo de destruir o inimigo e se para isso alguns inocentes morrerem, é apenas um efeito colateral aceitável.

Se a sociedade brasileira não entender que o problema não é  o tamanho da pena, e sim a certeza de impunidade, nada mudará, nada melhorará. Quem comete crime, em qualquer idade, classe social, independente de raça, cor, formação e poder econômico deve ser punido e aí não precisaremos mais usar a expressão punido exemplarmente, já que os exemplos serão tantos que tornarão a prática de um delito qualquer que seja algo a se pensar duas, tres, quatro .... vezes antes de ser cometido.


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