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Economista, Administrador, Analista de Sistemas e Pensador (forcei). Meu suporte está em Deus que me elegeu na eternidade como Seu filho sem nenhum mérito para mim, na minha esposa Verônica e meus filhos, os manos Accete, Raphael, Philipi e Victor. Amo a Deus sobre tudo. Mas não posso esquecer que sou Flamengo e tenho duas negas chamadas Penelope e Joaquina, a galega doida Lara Croft e a mulambo de estopa, Cocada.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Mas voce já fez isso antes






Existe um comportamento arraigado na alma do brasileiro que talvez não seja a grande causa de nossa miséria como país no quesito social, certamente não é a única, mas definitivamente muito contribui para as desigualdades e injustiças e impunidade no país.

Estou falando de algo que chamarei de Teoria da Justificação do Revide Social. O nome pomposo é para chamar a atenção mesmo.

Nós temos o hábito de defender nossas causas quase sempre como se estivéssemos num jogo de futebol onde O importante é apenas vencer. Quantas e quantas vezes ao termos o “nosso” lado acusado de se beneficiar de algo rebatemos sempre com a argumentação de que o “outro” lado fez o mesmo, ou ainda, fez pior. Sempre agindo como se a caracterização de um erro anterior, punido ou não, coibido ou não, justificasse que o “nosso” erro também deva ser tratado com condescendência.

Essa cultura que justifica o nosso erro em função do erro dos outros permeia de tal forma o tecido social brasileiro, como um câncer oculto, mas que corrói qualquer possibilidade de sairmos de um atoleiro onde cada vez mais expertos manipulam tudo.

Quando circunscrito ao futebol, pode ainda guardar algo de pitoresco entre torcedores apaixonados, mesmo que não concorde mesmo nesses  casos com as alegações  “que todo mundo faz".

Lembro de certa feita em que por pouco não atropelei um garotinho que atravessou a estrada a noite com roupas escuras de forma que só o percebi em cima, ao parar o carro me dirigi a mãe dele que estava do outro lado da rua o chamando, por isso ele atravessou, e disse a ela: - Minha senhora não deixe uma criança desse tamanho atravessar a rua sozinha. Recebi dela um sonoro grito: - Seus pestes, vocês tem é que morrer. Pois é, na cultura do Revide Social Justificado, está plenamente claro que ela pode me agredir porque um dia em algum momento foi agredida, física, moral ou socialmente por alguém.

Quando a violência nos atinge na cara, num assalto, numa agressão, estupro, por atingir a nós mesmos, a um parente ou a um amigo, de pronto nos ouriçamos e queremos justiça, porém nos esquecemos que este autor da violência pode plenamente justificar seu ato baseado naquilo que entendemos como justo pela teoria da justificativa do revide social.

Acham que estou exagerando. Não se enganem, os mesmas sofismas que defendem a impunidade de políticos porque os antecessores deles fizeram o mesmo ou pior, é a mesma lógica aplicada pelo bandido da esquina da sua casa, pelo torcedor violento, pelo flanelinha que riscará seu carro se você não paga-lo.

Mas me incomoda ainda mais considerar que nas camadas mais incultas da população pode até ser compreensível, falei compreensível, não tolerável, essa postura, mas ao ver o mesmo comportamento nas camadas sociais mais abastadas, que tiveram e tem acesso a formação superior, a cultura, o mesmo comportamento, enxergar que tais atitudes beiram a um cinismo sem tamanho.

Não estou defendendo ideologias político partidárias, mas a política do roubou, mas roubou menos que o anterior, ou roubou mas fez, ou ainda corrompeu mas foi por um bem maior, não creio que possa ser defensável por ninguém que preze o mínimo de caráter pessoal. Não se conquista cidadania com atitudes de torcedor apaixonado por futebol.

Se o anterior era corrupto que lutemos por sua punição, mas isso não dá a Justificativa do Revide Social ao atual de ser corrupto também, independente de mais ou menos corrupto, se é que existe isso. Pelo menos para mim honestidade, integridade, são como gravidez, onde você está ou não está gravida. Não existe uma mais honesto ou menos honesto, não existe um mais íntegro ou menos íntegro, como não existe um mais ladrão ou menos ladrão.

Se não assimilarmos a ideia que o erro de outrem não pode ser a explicação nem mesmo a justificativa de outro erro continuaremos vivendo em uma faroeste caboclo sem fim, onde tragédias como a de Santa Maria no Rio Grande do Sul, nada mais são do que reflexo das impunidades de tragédias menores anteriores. Longe de não sentir a dor daquelas famílias, lembro que morrem mais de 100 vezes aquele número de jovens todos os anos no Brasil assassinados e para cada um deles existe certamente a mesma explicação da justificativa do revide social. Não se engane, a sua atitude de furar a fila por que outros já fizeram isso com você, segue a mesma lógica e na prática é tão perniciosa quanto a atitude do empregado que engana o patrão porque ganha menos do que acha justo, do que a o patrão que não paga um salário digno porque ali fora tem um monte de gente desesperada pela mesma vaga, que a do guri que rouba um celular porque sua família nunca vai poder lhe comprar um, e no presidente que frauda, corrompe em nome de um messianismo e ao mesmo tempo quer encobrir seus atos apontando o erro de anteriores.

Como disse acima, imploro que não sejamos os cínicos que sabem o que é o certo, mas nos contentamos quer seja por interesses pessoais, ideologias, bairrismo ou o que seja defensores da Teoria da Justificativa do Revide Social.

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