Sobre
um post irônico em ridicularizo a visão vitimista ao mostrar um caso de alguém
que começou como faxineiro e hoje é vice-presidente de um banco inglês, fui
questionado porque eu não coloquei meus filhos em uma escola pública. Respondi
na lata:
- Porque
elas não prestam.
E
não prestam não porque sou elite, o que não sou nem nunca fui, mas porque a
educação no Brasil há muito não é prioridade. Mas para constar, estudei em
escola particular com bolsa, com livros e materiais dados por parentes, sou
filho de um taxista e de uma costureira, se nunca passei fome, mimos como
chocolates, pizzas, queijos, presuntos etc, só de vez em quando.
Vi
minha mãe se acabar em cima de uma máquina de costura trabalhando até perto de
meia-noite na virada de ano porque era a época de mais serviço, nunca tivemos
direito a um natal e a um ano novo em família, e ao invés de choramingar aproveitei
as oportunidade que tive, não muitas e
não todas, e não admito em hipótese alguma ser constantemente culpado por uma
situação que sempre trabalhei para mudar.
E
o que quis ironizar no post, foi ridicularizar todo um discurso de uma classe
que nunca precisou batalhar de fato, sempre teve recursos de família, mas
insiste em se colocar como defensor dos fracos e oprimidos sem nunca ter de
fato ter feito um ato caridoso pessoal e sem querer abrir mão de nenhum
privilégio. Vide os inúmeros artistas que vivem nababescamente mas defendem as
vítimas da sociedade sonegando seus impostos, viajando para países que
condenam, como os Estados Unidos e Europa, a parte rica.
Tenho
uma curiosidade muito forte sobre o que fariam os moradores dos bairros nobres
que são tão dedicados a defesa das vítimas da sociedade se começassem a ter
acampamentos de MTST na frente de seus apartamentos e de suas casas, incluindo
aí todos aqueles que acham que a sociedade tem uma divida impagável com os
oprimidos.
Como
esses defensores da caridade pública se comportam no âmbito privado quando
estes tem a chance de fazer algo pessoal para ajudar e contribuir numa mudança
de situação. Quantos já pagaram a escola, o medicamento, ou a refeição de alguém?
Sou
radicalmente contra, e dentro das minhas possibilidades sempre defenderei essa
posição contrária que assalariados e pequenos empresários, autônomos, paguem
impostos para que de alguma forma poucas empresas sejam beneficiadas
seletivamente com benefícios fiscais enquanto nenhuma contrapartida é de fato
exigida e onde seus acionistas praticam uma sonegação empresarial e principalmente
pessoal de forma acintosa.
Onde
a regulação existe apenas para impedir que outros proponentes entrem no
mercado. Onde a legislação trabalhista tão decantada só serve de fato para encher
bolsos de advogados e juízes e prejudicar empresas que agem corretamente.
Esses
sim podem ter alguma dívida, não os assalariados, pequenos prestadores de
serviço e pequenos empresários que se viram para sobreviver enquanto aquelas
outras empresas são sempre protegidas da livre concorrência em nome de falsos
pressupostos de benefícios econômicos e sociais.
Não
sou nem nunca fui contra políticas públicas de apoio e redução das desigualdades.
Me acusar disso é desonesto, defendo o ensino amplo, irrestrito e de qualidade
para todos até o ensino médio. Defendo universidades pagas, pelo menos para
quem pode pagar. Sou contra cotas. O que não defendo é relevar crimes em nome
de uma injustiça social, o que não defendo é ser chamado de “... Peste que
merece morrer”, simplesmente porque consegui ter um carro, Não defendo esmolas
sem contrapartidas que levem ao fim da necessidade delas.
E
sim admiro casos de pessoas que começaram até pior do que eu e hoje estão bem
melhor por seus esforços. Se no Brasil, admiro mais ainda por aqui ser mais difícil.
A pobreza
não é decorrente obrigatoriamente da vontade da própria pessoa exclusivamente,
não gosto de auto ajuda muito por isso, querer jogar a consequência dos
insucessos apenas nas costas da própria pessoa, porém ao mesmo tempo deploro a
ideia de considerar que todos na sociedade são culpados, nem que não há
chances.
E
a ideia de que numa sociedade todos serão iguais economicamente, me permitam é
bobagem, a não ser que seja como as experiências sócio comunistas fizeram,
reduzem drasticamente os ricos, apenas os amigos do PARTIDO, e os demais todos
pobres.
E
sim boa parte do discurso da vitimização vem de uma profunda inveja de não ter
o que não consegue por falta de esforço e ao mesmo tempo da culpa sentida por
pessoas que sempre viveram e vivem no privilégio como uma forma de acalmar suas
próprias consciências.
A
mobilidade social no Brasil é difícil exatamente porque no Brasil nunca houve
liberdade econômica e aqui a política de benefícios sempre foi feita para
manter pobres no curral e ricos como ricos através do favorecimento do
capitalismo de estado.
E
isso não mudou nos últimos 20 anos para que ninguém me acuse de envolver o PSDB
e falar apenas do PT, apenas os primeiros foram um pouco mais pragmáticos e
menos interesseiros.
E
não, Redes e Piçóis não são alternativas.
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